segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Fome

  She's got you high and you don't even know yet.
  Calculo comigo que os instantes da vida são reflexos do brilho nos olhos. Sabe, quando você está sorrindo sem saber bem o motivo, ou quando simplesmente se sente leve como uma pluma?
  A vida é bem esses momentos que na sua integridade são simplórios, longe de quaisquer razões para os fazer cheios de intensos porquês. Você nasce, chora em seus primeiros suspiros. Chora quando cai da árvore, quando leva o primeiro soco. Quando tem a primeira namorada, e quando conquista teu emprego dos sonhos. Chora mesmo sem lágrimas quando perde alguém, quando ganha alguém e quando está no fim da sua vida.
  Esta não é uma parada para falar das lágrimas, que são muitas vezes as expressões do profundo da alma. É um pedaço de uma fixação sobre como passamos a vida de uma maneira suspensa, quase desligados de nós mesmos. E daí precisamos de quebrantamentos ou conexões para nos chacoalhar as coisas. Para nos atirar aos sentimentos.
Pirâmide de Quéops, de Gizé, Egito. Construída na 4ª Dinastia, por volta de 2580 AC.
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Great_Pyramid_of_Giza

  Okay, devo estar indo longe demais e você, leitor, não está entendendo meu raciocínio. Vou quebrantar isso aqui.
  Abro sorrisos por sentir o mísero perfume de uma graviola, bem diante de mim. Por comer uma manga, lambuzar minha cara e cobrir meus dentes de fiapos. Por olhar nos olhos da garota e ver um brilho descomunal, uma intensidade diferenciada. Por receber uma mensagem nas horas em que menos penso esperar contato com qualquer pessoa. Abro sentimentos por cumprimentar um alguém que acabei de conhecer, por abraçar meu pai em sua cama e brincar com suas gorduras na barriga. Por ver minha mãe extremamente preocupada comigo, sem quaisquer motivos.
  Não existe bem um sentido para a vida, além do ato de viver. Mas, eu penso que viver seria abrir as portas para os mais tresloucados sentimentos que puderem vir. Sabe, deixar-se acontecer para a vida. It just happens. Dia após dia, encontro após encontro.
  Talvez nem mesmo faça sentido as minhas colocações acima, porém, a vida é assim também: há vezes em que não há sentido. O menor deles. E ainda assim vivemos. Dia após dia, encontro após encontro. Alimentando o corpo, o espírito e a alma. Aos que creem neste triângulo. E fato é que a comida é o que importa, o que gera vida para as células, o etéreo e o cintilante.
  Ao corpo-espírito-alma: qual o seu alimento?

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