terça-feira, 13 de dezembro de 2011

25 de Março

            As conversas se altearam aos poucos, as vozes invadiram de repente a minha mente. Pessoas que saíam de todos os lugares, inúmeras, incontáveis. Apressadas, corriqueiras. Pessoas que andavam e passavam, cruzavam de um lado ao outro da rua. Não paravam para nada, não queriam parar para nada. Os gritos se intensificaram conforme eu caminhava por ali, muitos homens chamavam a atenção da clientela. Berravam as vendas que teriam que fazer, publicavam estonteantemente suas vozes ao acalorado clima de um dia em São Paulo. Eram muitas, eram quantitativas, as pessoas. Não sei se havia ali alguma qualidade, nem sei também se havia nos produtos anunciados aos tropeços e alavancadas. Mas, imagino que a maioria que estava exposta naquela rua tinha a mesma vontade de buscar algo necessário, algo que pudesse acrescer à sua vida. A maior parte era das compras, do consumo, da diversidade de coisas. Era da agitação, do gosto pelo que é material. Por isso estava, a maior parte, exposta ali na 25 de Março. E os que vendiam, não faço desprezo. Estes aí trabalhavam duro para o sustento, para cobrir o vento que lhes soprava na boca do estômago. Para suprir as necessidades da alma e do corpo. Aliás, só do corpo, pois a alma não podiam sequer alimentar com esperanças. Esperanças seriam vagas, elas perderiam o que as fortalecem quando vissem o que passam estes homens trabalhadores. Estes sofridos brasileiros, que não ganham - e digo muitos deles - nem sequer a metade do pão de cada dia. Assim, nem a oração do Pai Nosso é servida de consolação.

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